Resumo
Estudos, antigos e recentes, mostram que abordar temas contemporâneos nas aulas de Educação Física Escolar, ainda, continua sendo uma grande dificuldade para muitos professores, principalmente, para aqueles que trabalham com as perspectivas esportivista, biologicista e/ou recreacionista. A presente pesquisa problematiza uma experiência que vem sendo realizada em escolas do Município do Rio de Janeiro, denominada Jogos Transversais. Ela busca analisar, criticamente, as mudanças, nos campos prático e teórico dessa experiência, a partir de uma aproximação com os pressupostos da Pedagogia Freiriana. A referida experiência pode ser considerada uma das formas de abordagem ou de problematização dos temas contemporâneos. Como caminho metodológico, dois momentos importantes da pesquisa puderam ser descritos, apresentando suas conexões: o primeiro deu-se, por meio da análise dos pressupostos básicos da Pedagogia Freiriana. Esse momento ocorreu, ainda, quando estávamos cursando as disciplinas do mestrado e tivemos a oportunidade de aprofundar os conceitos que mais dialogavam com a experiência em questão. A partir desse aprofundamento, buscamos uma reflexão crítica, ressignificando elementos teóricos e práticos e oferecendo uma nova roupagem aos Jogos Transversais. A segunda etapa deu-se, por meio de 9 (nove) encontros com uma turma de 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública, visando a identificar como essa ressignificação se materializava na práxis pedagógica, identificando outros possíveis caminhos indicadores da multiplicidade das rotas cotidianas. Os registros das aulas aconteceram, por intermédio do diário de campo. Em seguida, inspirados pelos estudos com os cotidianos, voltamos ao diário de campo e aos registros sensíveis da memória do pesquisador, buscando apreender outros sentidos e significados despertados, a partir da vivência dos jogos ressignificados durante os nove encontros, tanto nos educandos, quanto no pesquisador. Esse mergulho sensível no cotidiano da experiência vivenciada nos possibilitou afirmar que os educandos tiveram uma participação diferenciada dos momentos anteriores, tendo mais poder decisório, mais encorajamento para fazerem valer suas vozes, o que nos remete à ideia de empoderamento e maior centralidade em seus processos de aprendizagem.