Mais massa muscular mas menos força: A obesidade influencia a força e desempenho físico de mulheres com câncer de mama
Por Paola Sanches Cella (Autor), Vinicius Silva de Souza (Autor), Márcia Oliveira de Moura (Autor), Vandré Sosciarelli Dalcin (Autor), Maurício Rodrigues Lopes (Autor), Rafael Deminice (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
A massa muscular é um importante fator prognóstico no câncer. Entretanto, pouco se sabe sobre a influência do acúmulo excessivo de gordura sobre a massa muscular, à redução da força e pior desempenho físico. Este estudo teve como objetivo avaliar a composição corporal e a função física de mulheres com câncer de mama, com e sem obesidade.Métodos: Foram avaliadas 105 mulheres com diagnóstico de câncer de mama (54±9,5 anos), divididas em dois grupos: controle (n=68) e obesas (n=37; IMC ≥30 kg/m²). A composição corporal foi analisada por dobra cutânea tricipital e bioimpedância elétrica- BIA (massa livre de gordura - MLG, percentual de gordura - %G e massa muscular apendicular ajustada - MMA/m²). A força muscular foi avaliada pelo teste de sentar e levantar (TSL) e o desempenho físico pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6').Resultados: Mulheres obesas com câncer de mama apresentaram maior massa muscular estimada por bioimpedância, com aumentos de 13,6% na MMA/m² e 12,5% na MLG, além de um %G significativamente mais elevado (+21,9%). Apesar de apresentarem mais massa magra, mulheres obesas com câncer de mama também apresentaram excesso de gordura corporal, o que pode comprometer a qualidade muscular. Essa condição foi reforçada pela diferença significativa entre os vetores de impedância dos grupos (T = 7,8; p < 0,05), sugerindo alterações qualitativas da composição corporal, como maior adiposidade e possível redução da integridade celular ou da funcionalidade muscular. Além disso, as mulheres obesas apresentaram pior desempenho funcional, percorrendo 9,8% menos distância no TC6' e demorando 11,9% mais tempo no TSL (p = 0,06).Conclusão: Embora apresentem maior massa magra, mulheres com câncer de mama e obesidade também apresentam elevado acúmulo de gordura corporal. Esse excesso pode comprometer a qualidade muscular, possivelmente por infiltração de gordura, e contribuir para pior desempenho físico