Resumo

INTRODUÇÃO: A interseccionalidade considera como diferentes marcadores sociais combinam-se para gerar experiências únicas de desigualdade. No Brasil, fatores como sexo, raça/cor e renda afetam a adoção de estilos de vida saudáveis, incluindo a prática de atividade física no lazer. Apesar da atividade física ser fator de proteção à saúde, desigualdades estruturais limitam seu engajamento, especialmente entre adolescentes. OBJETIVO: Analisar a associação entre marcadores sociais combinados e a prática de Atividade Física no Lazer (AFL) entre adolescentes. MÉTODO: Estudo transversal realizado com adolescentes de 14 a 17 anos matriculados em escolas públicas da Região Metropolitana do Recife (PE). A variável dependente foi a AFL, enquanto a independente consistiu em um escore baseado na combinação de três marcadores sociais - sexo, raça/cor e escolaridade materna - operacionalizado por meio do índice Jeopardy. Os grupos foram classificados em uma escala de 0 (mais oprimidos) a 1 (mais privilegiados). Os dados foram obtidos através do Global School-based Student Health Survey. Utilizou-se regressão logística binária na análise. RESULTADOS: Dos 753 adolescentes, 69% não praticavam AFL. Ainda, observou-se que adolescentes com maior privilégio social, representado por escores mais altos no índice Jeopardy, apresentaram maior chance de praticar AFL (OR = 2,38; IC95% = 1,32-4,29). Essa associação permaneceu estatisticamente significativa entre adolescentes de 16 a 17 anos (OR = 2,02; IC95% = 1,04-3,92). CONCLUSÃO: A partir dessa análise exploratória, é possível pressupor que adolescentes com maior acúmulo de privilégios apresentam maior chance de praticar AFL. Esses achados sugerem a necessidade de políticas públicas que promovam inclusão e equidade no acesso à atividade física, em consonância com a meta 10.2 dos ODS para reduzir desigualdades até 2030.