Máscaras nas aulas de Educação Física: Efeitos na Aptidão Cardiorrespiratória, Velocidade e Esforço Percebido em Crianças
Por María Rúa Alonso (Autor), Carolina Correia Selmo (Autor), Luciana Chultes (Autor), Adroaldo Cezar Araújo Gaya (in memoriam) (Autor), Anelise Reis Gaya (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
A avaliação da aptidão física é um indicador do estado de saúde em crianças, sendo a escola um contexto estratégico para sua aplicação. Durante a pandemia, o uso de máscaras faciais foi amplamente recomendado para crianças, tornando-se comum em escolas e espaços públicos. Contudo, surgiram questionamentos quanto ao desconforto e aos possíveis impactos de seu uso. Nesse contexto, torna-se fundamental compreender os efeitos do uso de máscaras durante a realização de atividades e avaliações de aptidão física. OBJETIVO: Analisar os efeitos do uso da máscara na aptidão cardiorrespiratória (AFcr), na velocidade e na percepção de esforço (PE) de crianças. METODOLOGIA: Foram aplicados os testes de AFcr e de velocidade, bem como o registro da PE, em 111 crianças de 9 a 10 anos, em duas sessões alternadas (com e sem máscara). A análise dos dados foi realizada por modelos lineares mistos, considerando os fatores máscara, idade, sexo, prática de atividade física no contraturno e perfil de risco cardiovascular avaliado com base no índice de massa corporal. RESULTADOS: O uso da máscara reduziu significativamente a AFcr e aumentou a PE (p<0,001 e p=0,001, respectivamente), com interação máscara×idade apenas para a AFcr (p=0,021), afetando principalmente crianças de 9 anos. No entanto, não foram observados efeitos da máscara na velocidade (p≥0,108). CONCLUSÃO: O uso da máscara compromete a AFcr e eleva a PE, porém não afeta a velocidade. Assim, profissionais de Educação Física devem considerar a possível subestimação dos valores cardiorrespiratórios com máscara. Caso seu uso seja necessário, recomenda-se adaptar as aulas, priorizando exercícios com menor demanda cardiorrespiratória, como atividades de velocidade ou potência, enquanto exercícios aeróbicos devem ser prescritos com volume e intensidade adequados. Essa abordagem visa garantir a segurança e a eficácia das aulas, além de promover o bem-estar e a adesão das crianças à atividade física.