Migração internacional e novas territorialidades para o lazer: um olhar no litoral turístico do Rio Grande do Norte

Parte de Lazer e territorialidades: tessituras sociais, culturais e políticas . páginas 115 - 138

Resumo

A cada vez mais os destinos turísticos tornam-se globais, ou seja, assumem uma forte capacidade de atração em nível mundial, os turistas ultrapassam fronteiras mais longínquas e as localidades assumem maior ubiquidade. Além disto, os deslocamentos são favorecidos tanto pelos acordos políticos e econômicos entre algumas nações, como quanto pela redução das barreiras nos sistemas de transportes e de comunicação. Soma-se a essas tais questões, o fato de os custos das viagens apresentarem alternativas mais acessíveis para o usuário nos dias atuais, ampliando as possibilidades para que o ato de viajar não seja apenas um luxo reservado a uma parcela privilegiada da população, mas uma possibilidade que se estende a diferentes camadas sociais da população. Com isto, muitas pessoas atravessam fronteiras geográficas para descobrir novos lugares e culturas. Para além da viagem turística, muitos decidem fixar residência nos destinos turísticos visitados devido ao poder de atração de exercido por alguns lugares, e aos vínculos constituídos com o território. Situações como estas são, cada vez mais, comuns, e acabam por aproximar o fenômeno turístico do migratório, principalmente por terem o deslocamento (viagem) como eixo comum. Esta é uma das realidades encontradas no litoral oriental do Rio Grande do Norte, que, a partir dos investimentos europeus turísticoimobiliários, iniciados em meados da década de 1990 e intensificados na década de 2000, estimularam a vinda e a fixação de muitos estrangeiros. Tal fenômeno gerou dois desdobramentos: o surgimento do turismo de segunda residência1 e migración residencial2 , principalmente em seu litoral oriental, tendo como principais portões de entrada: Natal e Tibau do Sul. Esta pesquisa se dedica a esse segundo tipo de mobilidade, uma vez que se constatou um aumento expressivo de estrangeiros que fixaram residência na costa turística potiguar.