Resumo
Diante da pandemia por COVID-19, pacientes que passaram por hospitalização em unidade de terapia intensiva (UTI) apresentaram repercussões em sua qualidade de vida relacionada à saúde. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi verificar os fatores associados à qualidade de vida relacionada à saúde atual e as mudanças na percepção da qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes que passaram por hospitalização em UTI por COVID-19. Foi conduzido um estudo transversal com pacientes hospitalizados por COVID-19 em UTIs no Hospital Universitário de Florianópolis, Santa Catarina, no período de março de 2020 a dezembro de 2021. A coleta de dados ocorreu de junho de 2022 a julho de 2023 por meio de entrevistas telefônicas e consulta a prontuários médicos. Os desfechos do estudo foram a qualidade de vida relacionada à saúde atual e as mudanças na percepção de qualidade de vida relacionada à saúde, avaliadas pelo Short Form-36 e pelo autorrelato de melhora/manutenção ou piora, considerando os períodos pré e pós hospitalização. As exposições estudadas foram características demográficas (sexo, idade, cor da pele, situação conjugal), socioeconômicas (escolaridade), comportamentais (prática de exercício físico, tempo de tela, tempo sentado), aspectos de saúde (percepção de saúde, doenças cardiometabólicas e mentais) e aspectos clínicos (tempo de UTI). Empregou-se a regressão linear múltipla, com estimativa dos coeficientes padronizados (ß), e regressão logística binária, com resultados expressos em razão de odds (RO), em análises brutas e ajustadas, com intervalos de confiança de 95%. Dentre os 198 sujeitos elegíveis, 148 foram entrevistados (74,5%). A amostra foi composta por 74 sujeitos de cada sexo (masculino e feminino), com média de idade de 50,1 (±13,2) anos. A maior parte da amostra foi composta por sujeitos com cor de pele branca (69,0%), com alguma doença mental (66,9%) ou cardiometabólica (77,8%). As pontuações médias da qualidade de vida relacionada à saúde atual foram de 52,3 ( 26,7) pontos no componente físico e 56,8 ( 24,1) pontos no componente mental. O componente físico atual esteve inversamente associado ao sexo feminino (p < 0,001) e diretamente associado à prática de exercício físico (p= 0,024) e à boa percepção de saúde (p < 0,001). Já o componente mental atual associou-se de forma inversa com o sexo feminino (p = 0,005) e a presença de doenças mentais (p = 0,045), e de forma direta com a prática de exercício físico (p = 0,026) e boa percepção de saúde (p ≤ 0,001).