O corpo como sujeito de conhecimento na Educação Física: uma perspectiva kantiana e fenomenológica
Por Oscar Andrés Ospina Cifuentes (Autor).
Em Lecturas: Educación Física y Deportes v. 30, n 328, 2025.
Resumo
Este artigo examina o papel do corpo como sujeito do conhecimento no campo da educação física, articulando a epistemologia transcendental de Immanuel Kant com a fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty. Utilizando uma abordagem teórica e reflexiva, analisa-se como essas correntes filosóficas fornecem fundamentos para repensar a educação corporal para além dos modelos mecanicistas tradicionais. O objetivo principal é argumentar que educar o corpo envolve ativar sua dimensão sensível e subjetiva, superando abordagens meramente técnicas ou quantificáveis. O método empregado é uma análise comparativa de conceitos-chave, como as formas a priori (espaço e tempo) e categorias de compreensão de Kant, juntamente com a noção de percepção corporificada de Merleau-Ponty e o reconhecimento do corpo como sujeito perceptivo. Examina-se também a diferença entre a estrutura formal do conhecimento de Kant e a dimensão existencial e situada proposta pela fenomenologia de Merleau-Ponty, aplicando ambas as abordagens ao campo da educação física. Exemplos situados em contextos motores, como a antecipação perceptiva durante uma partida esportiva, são apresentados para ilustrar como o espaço, o tempo e a percepção incorporada moldam o conhecimento corporal. Os resultados teóricos destacam que tanto as categorias a priori kantianas quanto a experiência perceptiva merleau-pontiana nos permitem compreender o movimento humano como uma forma de conhecimento ativo e situado. Conclui-se que a Educação Física deve ser entendida como uma prática que não apenas treina habilidades, mas também desenvolve a capacidade do sujeito de compreender, interpretar e transformar seu ambiente por meio da corporeidade.
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