Editora Prelo. Portugal 1975. 390 páginas.

Sobre

Apenas a titulo de esclarecimento, julga-se o autor deste pequeno livro na obrigação prévia de dizer que o escreveu (melhor: o coligiu) numa determinada perspectiva: a perspectiva do social. Ou seja: encarando o fenómeno desportivo como um aspecto ou uma faceta do fenómeno social total. Por mais elementar que possa parecer tal ponto de vista, o facto é que ele não costuma verificar-se, como abordagem possível e frequente.
[…]
Na realidade, e como havemos de dizer logo nas primeiras linhas do primeiro capítulo, o problema é este: a competição desportiva realiza-se numa sociedade baseada na competição estreme, na competição-hostilidade, em que o vencedor ganha, toma ou conquista alguma coisa do vencido.
Admitimos que possa haver (e há, efectivamente) formas de «competição» de pouca ou nenhuma hostilidade, tanto na vida social, em geral, como no desporto. Aliás, a demonstrar os fundamentos «competitivos» do desporto, basta lembrar que, para jogarmos, precisamos de colaboradores que disputem connosco, e sem os quais o jogo se torna impossivel. Esta é uma forma de competição a que podemos, por isso mesmo, chamar de colaboração, em que o adversário não é um inimigo, mas um parceiro interessado na realização duma obra de utilidade e beneficios comuns. Colaboração que admitimos, também, possa efectuar-se à maneira de campeonato, de actividade organizada em termos de moderação, em que o vencedor, ou os seus apaniguados, não fazem dessa luta um pretexto de exaltações pessoais, à custa da humilhação manifesta do vencido e simpatizantes respectivos.
Mas o desporto, como o conhecemos nas suas formas habituais, é, quase sempre, uma competição-hostilidade, uma competição típica ou expressiva de agressividades e estruturas sociais. Será nessa perspectiva que tentaremos abordá-lo, para melhor compreendermos, até, a própria sociedade em que ele se realiza e em que nós vivemos.” in Prefácio à primeira edição

“Para esta edição, o autor acrescentou dois capítulos mais – «Hitler e os Jogos Olímpicos» e «Salazar e o Desporto» (…) Fez, também, muitas alterações e correcções, mas não tantas como desejaria.” in Prefácio à terceira edição