Resumo

O distúrbio de atenção vem, aos poucos, despertando o interesse da comunidade científica porque têm sido diagnosticado em um número bastante significativo de indivíduos, principalmente crianças. É uma das desordens mais comuns presentes em crianças em fase escolar. Ele afeta entre 3% e 6% da população escolar nos Estados Unidos e também no Brasil (GREENHILL, 1992; GUARDIOLA, 1994; BARBOSA, 1995; ROHDE, 1997). O conceito desse distúrbio também está mudando, pois devido a presença de características positivas como a criatividade, inteligência e dinamismo, há uma tendência atual de se evitar o termo déficit e o substituir por desordem da atenção. No entanto, o estudo em adultos também se faz bastante presente, devido a mudanças nas características do distúrbio e os efeitos desagradáveis que elas podem acarretar tanto na vida social como no ambiente de trabalho dos sujeitos acometidos (NADEAU, 1996). Como a sintomatologia difere de acordo com a idade, achamos preferível realizar um estudo em crianças, já que quanto mais precoce uma intervenção, mais chances há de o indivíduo ser readaptado ao meio, e aprender a controlar reações que poderiam vir a atrapalhar a sua interação com os demais, e a desempenhar as atividades que são propostas no dia-a-dia. Pesquisas relatam que o Déficit de Atenção é acompanhado com uma freqüência alta de problemas como agressividade, mentiras, comportamento de oposição ou desafio a regras e aos pedidos de adultos (ROHOE e BENCllK, 1999). Constatou-se que, dentro da escola regular, o professor sente-se despreparado para a convivência com crianças com TDA, e estas acabam sendo excluídas ou discriminadas pelos colegas, devido ao comportamento extremamente discrepante dos demais. No entanto, sabe-se que uma das principais características dessas crianças é a inteligência e a criatividade, que infelizmente acabam sendo suprimidas diante de fatores negativos que poderiam ser melhor interpretados e melhorados. O diagnóstico para a disfunção em questão não é preciso, pois acaba por avaliar o indivíduo clinicamente, buscando disfunções orgânicas como causa para os sintomas. Fatores que podem interferir de maneira significativa no aparecimento de sintomas de desatenção, como a relação familiar, geralmente não são considerados. O uso de drogas tende a diminuir a distração, mas não a extingue, e como agravante, produz efeitos colaterais que muitas vezes acarretam outros prejuízos cognitivos no indivíduo. Pode-se perceber que o distúrbio de atenção ainda está cercado de muitas incógnitas, e partindo de tais dúvidas, surgiu o interesse na realização desta pesquisa, que têm como proposta apresentar um instrumento de trabalho válido que estimule a atenção e concentração das crianças portadores do déficit através de atividades prazerosas, que envolvam tarefas psicomotoras elaboradas com base no processamento seletivo motor, em sua fase de decisão e antecipação de respostas. Ao mesmo tempo pretendeu-se viabilizar o uso do instrumento nas aulas de educação fisica, instituindo um trabalho regular e específico, objetivando-se resultados positivos. Através de instrumentos adequados e ajuda dos professores, foram selecionadas crianças de ambos os sexos, com faixa etária de 8 à 11 anos, de duas escolas estaduais da cidade de Cataguases, no estado de Minas Gerais. Tais crianças se enquadravam no perfil da pesquisa e foram previamente autorizadas pelos pais a participarem. Posteriormente, foram aplicados testes que mensuravam atenção, concentração e velocidade de reação motora. O treinamento através do programa psicomotor aconteceu 3 vezes por semana durante 2 meses com duração de uma hora e trinta minutos diários. As atividades aconteciam ora em ambiente fechado, ora em ambiente aberto, algumas eram organizadas em grupo, outras individuais. Os jogos que simulavam competição, também foram utilizados. Após o período de treinamento, os testes iniciais foram repetidos e revelaram, após análise estatística, diferenças significativas em relação aos iniciais, o que nos leva a crer que existe correlação entre o processamento seletivo motor e a atenção, e nos estimula a desenvolver ou aperfeiçoar programa de treinamento que faça uso dessa propriedade para o incremento da concentração em crianças, adultos e idosos, hígidos ou portadores de necessidades especiais.

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