Resumo

Este ensaio discute a reconfiguração psicossocial advinda com a imersão dos indivíduos nos espaços de suas casas, no distanciamento social e enfrentamento da pandemia da COVID-19. Destacamos algumas consequências de novos engendramentos espaço-temporais para a saúde mental. Esboçamos alternativas para os impasses colocados pela pandemia, através da problematização do papel da síntese do corpo próprio no tempo presente. Os resultados desta reflexão estão fundamentados no referencial existencial-fenomenológico de Merleau-Ponty, nas noções de corpo próprio, temporalidade e de instituição. Concluímos que certas práticas corporais podem oferecer suporte para uma reestruturação simbólica e temporal. Pôr-se em movimento tem adquirido um papel salutar em meio às mudanças drásticas da subjetividade da nossa época. Mudanças que instauraram e têm mantido uma atmosfera de crise e de busca por novas perspectivas de ação no mundo pós-pandemia.
 

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