Resumo

O esporte pode ser considerado um dos fenômenos mais marcantes de nossa época. Desde o seu surgimento enquanto prática moderna, suas modalidades, bem como os valores que o permeiam, tomam as cidades e transformam a dinâmica das mesmas. O espetáculo esportivo se constituiu em um grandioso mercado de consumo, que envolve desde os chamados “megaeventos esportivos” – como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos – até as práticas de lazer dos habitantes das cidades. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo investigar as relações entre cultura esportiva e cultura urbana em Belo Horizonte, tendo como objeto de pesquisa a construção dos estádios do Independência (1950) e Mineirão (1965). Para isso, buscamos como eixos de análise uma série de aspectos ligados à cidade de Belo Horizonte e ao esporte. Inicialmente, nos dedicamos a uma breve contextualização da cidade de Belo Horizonte, trazendo alguns apontamentos sobre a sua inauguração e anos iniciais, nos detendo de forma mais aprofundada no período entre 1950 e 1965, foco deste estudo. Posteriormente apresentamos uma investigação sobre a cultura esportiva como cultura urbana. Mostramos como o desenvolvimento do esporte em Belo Horizonte transforma os costumes e modos de vida de seus habitantes, fazendo surgir um estilo de vida pautado pelos valores do fenômeno esportivo. Posteriormente nos dedicamos aos estádios da cidade. Sua construção e inauguração, transformando-os em espaços privilegiados da manifestação da cultura esportiva. Nesse momento destacamos alguns aspectos políticos que envolveram o contexto da sua construção, e abordamos também outros pontos: o discurso sobre a ciência e a tecnologia envolvidas em sua construção, suas relações com o espaço da cidade e com a industrialização pesada a partir da ideia das grandes obras. Ainda sob a ótica dos estádios, buscamos também dar voz às multidões: os trabalhadores que participaram da construção dos estádios, atletas que foram consagrados nesses espaços e as multidões de torcedores que afluíam a esses gigantes de concreto. Nesse sentido, destacamos também dois grandes momentos desses estádios: a Copa do Mundo de Futebol de 1950 – que marca a inauguração do estádio do Independência – e os jogos e festejos de inauguração do Mineirão, em 1965. Pudemos perceber como a construção dos estádios se constituiu não somente em um marco edificado, mas também, como elemento importante para a expressão da cultura esportiva do belo-horizontino.

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