Integra

Há muito a se dizer sobre Pelé. E muito ainda se dirá por décadas e décadas, porque, se Edson Arantes do Nascimento morreu, Pelé é imortal.

Sobre seus defeitos como pai e homem público, deixo para outros dizerem, embora os reconheça. Prefiro dizer o que ele representou para algumas gerações e para o Brasil.

Quando eu era menino, sem dúvida alguma eu queria ser Pelé. E meus amigos também. E, um dia, todos os brasileiros queriam ser Pelé. Isso foi numa época em que o país e seu povo era desacreditado.

Não botávamos fé em nós mesmos. Mas Pelé não tinha isso, para ele tanto fazia Suécia, Argentina ou Inglaterra. Ele encarava qualquer um com altivez, confiança, segurança. Quando entrava em campo, ele era o brasileiro que não tinha medo, que não sofria do complexo de vira-lata, que não se sentia inferior.

Ainda tinha 17 anos quando Nelson Rodrigues lhe perguntou quem era o melhor jogador do mundo (não havia júri para isso naquele tempo). Pelé não titubeou: Eu, ele respondeu.

Para derrotá-lo, só mesmo na pancada, e em seu tempo não havia cartões amarelo e vermelho.

Pelé representou o Brasil que tinha potencial para ser um grande Brasil. Um Brasil que, de vez em quando ressurge, pouco depois cai. Pelé em campo foi o que precisamos ser como país. Edson Arantes falhou muito na vida, mas Edson morreu.

Não esqueçam que não é só com palavras faladas e escritas que dizemos grandes coisas; com os pés também.

E Pelé nos disse coisas definitivas em seu "pas de deux" com a bola.