Política pública e inclusão: análise crítica do Guia Brasileiro de Atividade Física para Pessoas com TEA e suas implicações para a atenção básica.
Por Maria Mariana Cardoso Clemente (Autor), Danilo Bastos Moreno (Autor), Camila Albino de Andrade (Autor), Gabriel Henrique Gama Leite (Autor), João Francisco Lins Brayner Rangel Junior (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
A inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em contextos de atividade física enfrenta desafios estruturais, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS). Em 2025, o Ministério do Esporte lançou o Guia de Atividade Física para Pessoas com TEA, o primeiro documento oficial brasileiro com orientações específicas para avaliação, prescrição e monitoramento de programas voltados a esse público. OBJETIVO: Analisar criticamente o conteúdo e a aplicabilidade do Guia, discutindo suas contribuições, desafios de implementação e potenciais impactos sobre políticas públicas de promoção da atividade física inclusiva no Brasil. MÉTODOS: Estudo de caráter descritivo-analítico, com leitura sistemática dos cinco capítulos do Guia. A análise foi estruturada a partir de três eixos: (1) alinhamento às evidências científicas atuais; (2) aplicabilidade na APS e nos territórios; (3) potencial de contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 3 e 10). Foram utilizados como referencial os princípios de equidade, intersetorialidade e humanização do SUS. RESULTADOS: O Guia apresenta avanços inéditos: fundamentação técnica acessível, ferramentas de avaliação validadas (ATA, CARS), modelo de intervenção estruturado (PEP-Aut) e diretrizes para ambientes adequados à prática de atividade física. Contudo, sua aplicabilidade exige profissionais capacitados, articulação com equipes interprofissionais e multiprofissionais, além do enfrentamento das desigualdades territoriais. A ausência de estratégias para formação continuada, financiamento e monitoramento em larga escala são desafios apontados. Esses limites podem comprometer o potencial do Guia de contribuir efetivamente para os ODS 3 e 10, que propõem saúde de qualidade e redução das desigualdades. CONCLUSÃO: O Guia representa um marco político e técnico para a inclusão de pessoas com TEA. Sua implementação efetiva dependerá do fortalecimento da formação dos profissionais de Educação Física, do apoio das redes de cuidado e do compromisso intersetorial. A análise reforça a necessidade de transformar recomendações em ações sustentáveis na APS.