Resumo

A sarcopenia é uma doença definida pela redução progressiva e generalizada da força muscular (FM) e da massa muscular (MM). Atinge preponderantemente aos idosos e possui alta prevalência no Brasil (17%), sendo maior nas mulheres (20%) do que nos homens (12%). A sarcopenia impacta na qualidade de vida e na saúde dos idosos com significativa repercussão econômico-social, elevando o número de internações e os custos hospitalares, onerando sobremodo o sistema de saúde. Um dos consensos para seu diagnóstico, do European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP), considera a força de preensão manual (FPM) como seu primeiro critério de diagnóstico. Todavia a FPM não parece altamente representativa da FM global, pois mede segmento corporal único, que envolve pequeno agrupamento muscular e não se altera significativamente quando sob treinamento com pesos. Nesse sentido, a FM isométrica de membros inferiores e tronco (FIMIT) parece mais representativa, pela maior participação de grandes e vários grupos musculares e boa resposta ao treinamento com pesos. Todavia seus limiares como critérios de risco à sarcopenia ainda são desconhecidos. Assim, o objetivo deste estudo foi propor um método de probabilidade de risco para a sarcopenia de mulheres idosas, a partir da FIMIT. Uma amostra intencional foi composta por 82 idosas da comunidade, fisicamente independentes, com idade ≥ 60 anos. O questionário Miniexame do Estado Mental (MEEM) foi usado para assegurar aptidão cognitiva para participação do estudo. Para o diagnóstico da sarcopenia foram adotados os critérios dicotômicos do EWGSOP. Medidas de massa corporal (MC) e estatura foram realizadas conforme padronização recomendada. Estimativa da massa muscular foi realizada por DXA (Hologic Discovery, v. 11.2), considerando o tecido mole magro apendicular (TMMA). Foram realizados testes de dinamometria manual e caminhada de seis minutos (DT6M) para definir a FPM e limitação funcional (LF), respectivamente. Para medida da FIMIT foi utilizado o dinamômetro portátil de tronco e membros inferiores (Fillizola®, modelo CROWN). Valores absolutos de FIMIT, ajustados por variáveis antropométricas e pela idade foram testados por curva ROC, para identificar o risco para sarcopenia (FM reduzida) e discriminar a LF (DT6M<400m). A melhor relação entre sensibilidade e especificidade dos modelos foi determinada pelo índice de Youden. A concordância entre os métodos indicativos de sarcopenia foi testada por coeficiente Kappa. As análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS 20 e MedCalc 15.2 (ROC), com nível de significância previamente estabelecido (p<0,05). Os resultados mostraram que a prevalência de sarcopenia foi de 6% (n= 5). Como esperado, a FM e MM foram menores nas idosas sarcopênicas do que nas não sarcopenias (T=8,732; p=0,01; U=24,000; p=0,01), respectivamente. Houve alta prevalência da LF, da amostra total (43,9%; n=36). O índice FIMIT/Idade, foi o único capaz de discriminar de forma aceitável a LF (AUC=70%). Após aplicação dos pontos de corte desse índice (FIMIT/Idade), houve maior prevalência da doença pelo nosso modelo em comparação aos critérios do EWGSOP (12,2% vs 6%). Por outro lado, a FIMIT/Idade apresentou maior concordância com a FPM/MC sugerido por outro consenso, o Sarcopenia Definitions and Outcomes Consortium (SDOC), (26,8% vs 25,6%). Porém, o ponto de corte indicado pelo SDOC não discrimina a LF de forma aceitável (AUC=0,66). Esses achados permitem concluir que a FIMIT/idade é uma alternativa mais representativa da força global, discriminante e acurada da probabilidade de risco de sarcopenia em idosas fisicamente independentes.

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