Resumo

Objetivou-se descrever o acesso de pessoas idosas usuárias da Atenção Primária à Saúde (APS) de municípios paranaenses de pequeno porte aos programas de atividade física (AF), considerando a interseccionalidade de gênero, cor da pele e escolaridade. Estudo transversal, com dados coletados por entrevista realizada de setembro a novembro de 2022, envolvendo 1.878 pessoas, que aguardavam por atendimento em unidades de saúde de seis cidades paranaenses com menos de 20 mil pessoas. Para o presente estudo foram incluídas somente as pessoas idosas (n=426) usuárias da APS nesses municípios paranaenses de pequeno porte. O acesso considerou as variáveis relacionadas ao conhecimento e participação em programas de AF, e os motivos de não participação nesses programas. Os dados foram analisados descritivamente e o qui-quadrado foi utilizado para identificar diferenças nas proporções. A maioria da amostra foi composta por pessoas idosas jovens (60 a 64 anos: 35,4% e 65 a 69 anos: 32,2%), mulheres (56,1%), cor da pele branca (66,7%) e baixa escolaridade (56,3%). Foi observado que 70,2% não conheciam programas gratuitos de AF e somente 7% daqueles que conheciam, participavam de algum programa. Dentre os motivos de não participar desses programas que conheciam, os mais citados foram a distância do domicílio (23,7%), não ter interesse nas atividades ofertadas (20,6%), problemas de saúde (15,5%) e não ter tempo (15,5%). Considerando a interseccionalidade, verificou-se diferença em relação ao conhecimento de programas de AF somente para as mulheres idosas (p=0,003). Os resultados indicam que sete em cada 10 idosos não conheciam a existência de programas gratuitos de AF, e que o conhecimento a respeito desses programas difere entre homens e mulheres idosas. Ainda, a participação nos programas de AF é limitada, envolvendo menos de 10% da amostra, o que reforça a importância da promoção da AF no contexto da APS nos municípios paranaenses de pequeno porte.