Realocação de tempo entre os comportamentos de movimento de 24 horas nos sintomas depressivos em pessoas idosas
Por Carla Elane Silva dos Santos (Autor), Marcus Vinicius Veber Lopes (Autor), Jamilly Ferreira Cardoso (Autor), Diênifer da Silva Rosa (Autor), Rogério César Fermino (Autor), Eleonora d'Orsi (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
As diretrizes atuais adotam uma abordagem integrada dos comportamentos de movimento nas 24 horas, reconhecendo a atividade física (AF), o comportamento sedentário (CS) e o sono como componentes interdependentes. Embora mudanças em um comportamento afetem os demais, os efeitos das realocações de tempo sobre os sintomas depressivos ainda são pouco compreendidos. Objetivo: analisar a associação entre a realocação de tempo entre comportamentos de movimento de 24 horas e sintomas depressivos em pessoas idosas. Métodos: esta análise transversal utilizou os dados de 497 idosos (74% de mulheres; ≥60 anos) do estudo EpiMove (2023-2024) que integra da quinta onda da coorte de base populacional EpiFloripa Idoso em Florianópolis. Os sintomas depressivos foram avaliados pela Geriatric Depression Scale (GDS-15) e categorizados dicotomicamente (ausência e presença). Os comportamentos de movimento de 24 horas foram mensurados pelo acelerômetro wGT3X-BT durante sete dias consecutivos. Modelos de regressão logística composicional estimou a associação entre a realocação de tempo entre os comportamentos de movimento de 24 horas e sintomas depressivos. Resultados: os sintomas depressivos foram reportados em 19,7% (IC95%: 16,4-23,5) da amostra. Observou-se uma tendência compatível com um padrão dose-resposta, em que maiores quantidades de tempo realocado para AF moderada-a-vigorosa (AFMV) se associam a menores chances de sintomas depressivos. Como exemplo, a realocação de 10 minutos por dia de CS por AFMV esteve associada redução de 15% da chance do desfecho (OR: 0,85; IC95%: 0,75-0,96), assim como a realocação de tempo de sono para AFMV (OR: 0,86; IC95%: 0,76-0,98). Conclusão: a realocação de tempo de CS e sono para AFMV esteve associada a menores chances de sintomas depressivos, seguindo um padrão dose-resposta. Esses resultados destacam a importância de incentivar incrementos graduais na prática de AFMV ao longo do dia como estratégia potencial de proteção à saúde mental em pessoas idosas.