Relação entre atividade física, qualidade de vida e bem-estar em praticantes de judô com deficiência intelectual
Por Rebeca Conceição Neiva (Autor), Rafael Kons (Autor).
Em Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada - SOBAMA v. 26, n 1, 2025.
Resumo
Este estudo teve como objetivo investigar os níveis de atividade física, qualidade de vida e sensação de bem-estar de praticantes de judô adaptado com deficiência intelectual. Participaram 13 atletas com deficiência intelectual que praticam judô regularmente. Os participantes preencheram os seguintes instrumentos: Questionário Internacional de Atividade Física, Questionário de qualidade de vida SF – 36 e a Escala de Bem-Estar. A correlação de pearson foi utilizada para verificar a relação entre as variáveis, considerando um p<0,05. Os resultados revelaram que os participantes apresentaram uma qualidade de vida considerada adequada, com destaque para o domínio de funcionamento físico (82,3%). No entanto, ainda foram observadas limitações significativas, como a presença de dificuldades emocionais em 46,5% dos praticantes e a limitação de função devido à saúde física em 65,3%. Em relação à atividade física, os participantes se mostraram ativos, com uma média de 2 dias por semana realizando atividades vigorosas, somando 127,7 minutos de prática intensa. A percepção de bem-estar dos praticantes foi classificada como boa, com uma média de 4 na escala de percepção de bem-estar. Além disso, foram encontradas correlações significativas entre o domínio de funcionamento físico e a escala de percepção de bem-estar (r = 0,56; p = 0,046), sugerindo que a prática do judô contribui para o bom funcionamento físico e emocional. Em conclusão, a prática de judô adaptado mostrou-se benéfica para a saúde física e o bem-estar de indivíduos com deficiência intelectual, sugerindo a necessidade de mais pesquisas longitudinais para explorar os benefícios a longo prazo dessa prática.
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