Resumo

O bullying é um comportamento recorrente durante a adolescência e está associado ao engajamento em atividades físicas (AF). Entretanto, não se sabe se esse efeito varia conforme o contexto em que a AF é realizada. OBJETIVO: Investigar a associação entre a AF praticada dentro e fora da escola e o bullying em estudantes do ensino médio. MÉTODOS: Estudo transversal repetido realizado com 1364 estudantes (53% do sexo feminino, média de idade 15,6 ± 0,8) do ensino médio em três Institutos Federais da região metropolitana de Florianópolis, em 2019 e 2022. Bullying foi avaliado separadamente para vitimização e perpetração por meio de um questionário on-line. A AF total, e em intensidades leve (AFL) e moderada à vigorosa (AFMV) foi registrada por acelerômetros utilizados no punho não-dominante. Modelos de regressão logística binária ajustada por sexo, idade, nível socioeconômico e ano de coleta. RESULTADOS: Entre os participantes, 41% relataram ter sido vítimas de bullying e 8,6% relataram ser perpetradores de bullying. A média de AF total foi de 1,20 ± 0,37 h/dia na escola e 3,04 ± 0,88 h/dia fora dela. AF total na escola foi associada às chances de vitimização (OR = 1,63; p = 0,004) e de perpetração (OR = 1,91; p = 0,023). AFL no contexto escolar foi associado as chances de vitimização (OR = 1,65; p = 0,013) e de perpetração (OR = 1,97; p = 0,049). AFMV na escola também foi associado as chances de vitimização (OR = 1,03; p = 0,008), mas o mesmo não foi observado para perpetração. Nenhuma associação foi encontrada entre AF realizada fora da escola com a ocorrência de bullying. CONCLUSÃO: A AF realizada na escola está associada ao bullying, independentemente da intensidade. Esses achados destacam a necessidade de criar ambientes seguros e inclusivos para a prática de AF no contexto escolar.