Resumo

A relação entre sono, saúde mental, atividade física (AF), comportamento sedentário (CS) e alimentação estão bem estabelecidas na literatura. Entretanto, poucos estudos analisaram a relação complexa existente entre esses diferentes fatores e a qualidade do sono em adolescentes. OBJETIVO: Analisar a relação complexa entre o sono, a alimentação, a saúde mental, os domínios da AF e o CS em adolescentes. MÉTODOS: Este é um estudo transversal, realizado com 1.138 adolescentes de 10 a 16 anos (55,3% meninas), participantes do projeto "Prevalência de síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular em escolares de Londrina/PR", realizado em 2011. A frequência de sono satisfatório (nunca, poucas vezes, quase sempre, sempre) foi obtida por autorrelato. A AF (ocupacional, esporte e lazer) foi mensurada através do questionário de Baecke et al., considerando um score total (continuo). Para CS considerou-se a média ponderada do tempo de TV e uso do videogame em um dia da semana e um dia do fim de semana. O consumo semanal de frutas, vegetais, salgados e doces (nenhum, um a três, quatro a seis ou sete dias) foi utilizado como indicador de alimentação. A sensação de estresse (raramente estressado, às vezes, quase sempre, sempre) e a frequência que se sentiu triste (nunca, poucas vezes, quase sempre, sempre) foram utilizadas como indicador da saúde mental. A análise de redes foi estimada através do parâmetro EBIC (0.25), estratificadas pelo sexo. Os resultados da análise foram apresentados através da matriz de peso. Foi utilizado o software JASP 16.1. RESULTADOS: Uma melhor qualidade do sono esteve associada ao consumo de vegetais em ambos os sexos (meninos: 0,101; meninas: 0,013). Adolescentes que relataram pior percepção em relação à qualidade do sono relataram sentirem-se mais tristes (meninos: -0,033; meninas: -0,137) e estressados (meninos: -0,073; meninas: -0,026). Contudo, meninas que se sentiram mais estressadas e tristes praticaram mais atividade física ocupacional (0,046; 0,096, respectivamente) e apresentam maior tempo em CS (0,26; 0,20, respectivamente), enquanto aquelas que relataram maior estresse praticam menos AF de lazer (-0,010). Meninos mais estressados praticaram mais AF ocupacional (0,118) e tiveram um maior CS (0,052). CONCLUSÃO: A qualidade do sono em adolescentes está relacionada a alimentação e sensação de estresse. Diferenças entre os sexos indicam a necessidade de intervenções especificas para os grupos.