Resumo

A crioterapia é muito utilizada no âmbito clínico para diminuição de dor e edema, porém seus efeitos sobre a função muscular da articulação do joelho e as repercussões dentro de uma sessão de tratamento ainda são incertos. Objetivo: Avaliar o efeito da crioterapia sobre o tônus, rigidez, elasticidade, tempo de relaxamento do estresse mecânico, creep e temperatura de quadríceps e a relação entre essas variáveis. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico aleatorizado cruzado com 80 indivíduos entre 18 e 28 anos, de ambos os sexos. Os voluntários compareceram ao laboratório em duas ocasiões para realizar a condição controle e placebo com intervalo de 48h em ordens aleatorizadas previamente. Inicialmente, o tônus (Hz), rigidez (N/m), elasticidade (logD), tempo de relaxamento do estresse mecânico (ms) e creep foram avaliados por meio de um equipamento não invasivo, MyotonPRO, e a temperatura superficial da pele foi avaliada por meio de uma câmera termográfica. Ambas as mensurações foram realizadas na região do reto femoral (colocar o ponto). A intervenção foi realizada por meio de aplicação de duas bolsas térmicas (na região anterior e posterior do joelho) com temperatura entre 0 e 5°C enquanto o placebo consistiu na aplicação das mesmas, porém em temperatura ambiente, ambas durante 20 minutos. Em seguida foram realizadas reavaliações no 5°, 10°, 15° e 20° minuto pós-intervenção. Os grupos foram comparados por meio de um Modelo Linear Misto (tempo x intervenção) com matriz de covariância AR(1), distribuição normal e pós testes de Bonferroni. Resultados: Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros biomecânicos (tônus, rigidez, elasticidade, tempo de relaxamento e creep) entre os grupos avaliados. No entanto, foram encontradas correlações significativas entre a temperatura e os parâmetros musculares. O tônus muscular (r=-0.062, P<0.01), a rigidez (r=-0.068, P<0.01) e a elasticidade (r=-0.045, P<0.05) apresentaram correlação negativa fraca com a temperatura. Já o tempo de relaxamento muscular (r=0.07, P<0.01) e o creep (r=0.06, P<0.01) apresentaram correlação positiva fraca com a temperatura. Conclusão: A crioterapia não promoveu efeitos deletérios sobre parâmetros musculares, o que foi reforçado pela baixa correlação encontrada. Portanto, a técnica se mostra segura para a aplicação dentro de uma sessão de tratamento, uma vez que pode auxiliar na redução da dor sem prejuízos em outros parâmetros.