Resumo

A falta de tempo é uma das principais barreiras para a atividade física no tempo livre (AFTL). Em cidades como São Paulo (SP), o tempo de deslocamento (TD) pode impactar e agravar esse cenário. OBJETIVO: Analisar a relação entre TD e AFTL, considerando variáveis sociais, demográficas e ambientais em adultos residentes em São Paulo (SP). MÉTODOS: Estudo longitudinal com dados das três ondas do estudo ISA - Atividade Física e Ambiente (2014/15; n = 4.042; 2020/21; n = 1.434; 2023/24; n = 1.583). As variáveis principais foram o TD (avaliado por questões de mobilidade urbana) e a AFTL (avaliada pelo IPAQ - versão longa), ambas dicotômicas (TD: <2h/≥2h; AFTL: <150min/≥150min). Utilizou-se regressão de Poisson multinível com três níveis (observações < indivíduos < subprefeituras), com medidas repetidas (3 ondas) como covariáveis fixas. Quatro modelos foram ajustados progressivamente: [1] bruto, [2] demográfico (+sexo/idade), [3] socioeconômico (+escolaridade/raça-cor) e [4] geográfico (+região de moradia). Modelos adicionais incluíram interações entre TD e variáveis de ajuste. RESULTADOS: Em todos os modelos, o TD ≥2h esteve inversamente associado à AFTL (modelo 1: IRR = 0,89; p = 0,056 | modelo 4: IRR = 0,88; p = 0,046). Mulheres (IRR = 0,67; p < 0,001), adultos (IRR = 0,69; p = 0,001) e idosos (IRR = 0,57; p < 0,001) apresentaram menor prevalência de AFTL. Escolaridade elevada aumentou a chance de prática, especialmente entre pessoas com ensino superior (IRR = 2,35; p < 0,001). A interação com escolaridade foi limítrofe (IRR = 1,55; p?=?0,052) e com a região foi a única significativa: residentes da zona Sul com longos TD apresentaram redução ainda maior na AFTL (IRR = 0,60; p = 0,005). CONCLUSÃO: Longos TD estiveram associados à menor AFTL, mesmo após ajustes, indicando desigualdades na prática em São Paulo, principalmente em relação a região de moradia.

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