Resumo

A atividade física (AF) de deslocamento reduziu nos últimos anos, apesar dos potenciaisbenefícios à saúde, sustentabilidade e direito à cidade. Considerando as desigualdadessocioculturais e estruturais entre as macrorregiões brasileiras, torna-se necessáriocompreender como fatores sociodemográficos influenciam essa prática ao longo dotempo. OBJETIVOS: Este trabalho objetivou avaliar a tendência temporal de AF de deslocamento nasmacrorregiões do Brasil e o potencial efeito das variáveis sexo, faixa etária,escolaridade e raça/cor sobre essas tendências. MÉTODOS: Para tal, foram utilizados dados doinquérito telefônico VIGITEL, compreendendo 623.193 adultos (≥18 anos) residentesdas capitais brasileiras e o DF, entre 2009 e 2023 (exceto 2022). Foram classificadoscomo ativos aqueles que atingiram ≥150 minutos/semana de AF de deslocamento. Paraavaliar a tendência temporal nas macrorregiões do Brasil, bem como sua associaçãocom as variáveis sociodemográficas, foram aplicados modelos de regressão logísticacom formas funcionais não-lineares (spliners), com nós posicionados nos anos de 2015,2020 e 2021. RESULTADOS: A proporção de indivíduos ativos no deslocamento diminuiu de 18,8%(IC95%: 18,1; 19,5) em 2009 para 13,3% (IC95%: 11,7; 15,1) em 2023. Todas asmacrorregiões apresentaram tendência de redução, com a menor prevalência no Centro-Oeste e a maior no Sudeste. Ambos os sexos apresentaram tendência de declínio, sendoas mulheres menos ativas desde 2013. Idosos mantiveram menores proporções de AF dedeslocamento, enquanto adultos apresentaram quedas acentuadas. Negros e indivíduoscom maior e menor escolaridade apresentaram menores níveis de AF de deslocamentodurante toda a série. CONCLUSÃO: Diante da tendência de declínio da AF de deslocamento, a qual estádiferentemente relacionada a fatores sociodemográficos, reforça-se a necessidade dedebates e políticas que ampliem o acesso à mobilidade ativa como escolha, e queconsiderem os determinantes das reduções do deslocamento ativo de forma maisabrangente.

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