Resumo

A pandemia da Covid19 causou grandes comprometimentos a saúde e ao modo de vida das pessoas em todo o planeta. Para tentar prevenir contágio e disseminação do vírus as pessoas tiveram que modificar drasticamente o estilo de vida (EV). Dentre eles, os universitários passaram a ter aulas no modo remoto, tiveram restrições no convívio social e com a universidade, a família e amigos, bem como também sofreram com isolamento social muitas vezes afetando a saúde mental. Por outro lado, essas novas condições contribuíram para adoção de hábitos nocivos, como uso de fumo/tabaco (nicotina), álcool, drogas, às vezes em decorrência do estresse mental expondo-se a riscos aumentados. Objetivo: Analisar de forma transversal o perfil do estilo de vida de universitários em períodos sem e com a pandemia da Covid19, em especial quanto ao uso de substâncias nocivas, aspectos de segurança e estresse. Método: Participaram do estudo 504 universitários, na qual todos responderam ao questionário Estilo de Vida Fantástico (AÑEZ; REIS; PETROSKI, 2008), sendo que 286 estavam frequentando regularmente a faculdade no ano de 2019 e 218 eram alunos da mesma instituição no ano 2021 durante a pandemia. O questionário possui 25 questões, 23 em escala likert (0 a 4 pontos) e 2 dicotômicas (valor de 0 e 4pts.). O formulário é subdividido em 9 dimensões sendo 3 delas compostas por hábitos relativos ao uso de tabaco e drogas (TD), uso de álcool (AL) e situações de segurança individual e estresse (SS). Ao final se alcança um escore variando de 0 a 100pts., sendo que quanto mais alto melhor e mais saudável é o EV individual. Resultados: Foram observados que não houve diferença estatística entre o EV geral de universitários nos períodos sem e com a pandemia (2019=64,2±11,4; 2021=64,8±11,6, P=0,51), porém quando analisados comportamentos relativos ao uso de substâncias nocivas como tabaco/drogas e uso de álcool, verificou-se que na pandemia, em média,  acentuou-se o uso dessas substâncias nos universitários (TD, 2019=13,6±2,11; 2021=13,0±2,57, P=0,00; AL, 2019=10,2±2,47; 2021=9,7±2,31, P=0,05). E ainda, a prevalência de universitários que se declararam usuários das substâncias elevou-se de 22,7% a 33,0% para TD e de 23,0 a 40,4% para AL. Por fim, também houve diferenças estatísticas (P=0,02) quanto a hábitos de segurança/estresse, sendo que na pandemia os hábitos apresentaram melhora em relação ao ano de 2019 e houve diminuição na prevalência de casos considerados de maior risco (2019=67,4%; 2021=58,7%). Conclusões: A pandemia contribuiu para elevação nos casos de universitários que se declararam usuários de substâncias nocivas elevando assim os riscos a saúde individual em meio a crise sanitária da Covid19.