ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) NO BRASIL, por André Luiz Lace Lopes (RJ); Leopoldo Gil Dulcio Vaz (MA); Milton César Ribeiro (Miltinho Astronauta) (SP)

 

 

(onde não está indicado o estado/cidade, refere-se a fatos ocorridos no Município da Corte – Rio de Janeiro)

 

1577 – primeiro registro do vocábulo “capoeira” na língua portuguesa: Padre Fernão Cardim (SJ), na obra “Do clima e da terra do Brasil”. Conotação: vegetação secundária, roça abandonada (Vieira, 2005)

1620/1624 – Descritos comportamentos de indivíduos em São Paulo em que muitos aspectos se assemelham a outros evidenciados em períodos posteriores (Império e República); nos casos específicos, esses movimentos não eram praticados somente por negros na Guiné, mas também aos negros da terra (indígenas!). in ARAÚJO, 1997, citando BRUNO Ernani Silva. Histórias e tradições da cidade de São Paulo, vol. I (1554-1828). São Paulo, 1984, Atas da Câmara da Vila de São Paulo, II, p. 436; e Atas da Camara de São Paulo, III, p. 129.)

1626 – “Com base nas Ordenações Filipinas, isto em 1626, se organiza uma Polícia no Rio de janeiro que: Munida de um instrumento jurídico, pode a Polícia dar vazão aos seus instintos, massacrando a torto e a direito os capoeiras que encontrava: estivessem ou não em distúrbios, a ordem era o massacre”. In ARAÚJO, 1997, p. 59, citando Rego, 1968, p. 123, in OLIVEIRA, 1971, p. 78).

1640 – Início das invasões holandesas. Desorganização social no litoral brasileiro.  Evasão dos escravos africanos para o interior do Brasil. Aculturação afro-indígena. Organização de dezenas de quilombos. Surgem as expressões: ‘negros das capoeiras’, ‘negros capoeiras’, e ‘capoeiras’. (Vieira, 2004, 2005)

1687, sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como premio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita a proposta pelo governo, a três de Março de 1687, foi assinado o respectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se á serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem.(Burlamaqui,A.-“Ginástica Nacional (Capoeiragem), Metodizada e reglada”, Rio de Janeiro, 1928, in MARINHO, 1.980:66).          http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html

SÉCULO XVIII

1770 - a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005). Afirma Hermeto Lima

[...] segundo os melhores cronistas, data a Capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘Capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

 

1712 – segundo Coelho (1997, p. 5) o termo capoeira é registrado pela primeira vez com a significação de origem lingüística portuguesa, não se visualizando qualquer relação com o léxico tupi-guarani.

1757 – encontrada primeira associação da palavra capoeira enquanto gaiola grande, significando prisão para guardar malfeitores. (OLIVEIRA, 1971, citado por ARAÚJO, 1997, p. 5)

1769-1779 – Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998).

1770 – a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005)

- ainda segundo Vieira, citando Hermeto Lima, ao nos afirmar que “segundo os melhores cronistas, data a capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por 4 ou 5 homens, e aprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os e desdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788(?) – as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977)

1789 – 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor)

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