J. Alves José De Oliveira Ramos

A época é apropriada. Apropriada para lembrar de algo que marcou a juventude de muitos que, hoje com mais de 60 anos conseguiram ultrapassar a linha do tempo e, num diálogo com Deus, conseguir algum acrescido até que consiga cumprir totalmente sua missão.

 
Festas juninas nada mais são que uma mistura de religiosidade (embora pouco lembrem dessa prática – a não ser a ladainhas familiares que continuam levando ao pódio a imagem e as ideias alvíssaras de São João Batista) com folguedos tradicionais, comemorando, também, uma invasão da vida e dos hábitos sertanejos na “cidade evoluída”.

 
E ainda conseguimos lembrar os serviços de autofalantes (também conhecidos como “Radiadoras” ou “Irradiadoras”) que, por dias anunciavam o funcionamento de uma quermesse ou de um arraial junino.

 
Tudo isso para lembrar que ainda está “bem ali” – para ser mais preciso no Campo de Perizes! – o guarnicê de um dos mais completos e dignos profissionais da radiofonia maranhense. Queremos falar do nosso “lembrado” na continuidade da nossa série “Nossa gente – todos no mesmo pódio”, que alcança a sua décima-quarta edição: JOSÉ FAUSTINO DOS SANTOS ALVES, mais conhecido por “J. Alves” ou ainda “Jotinha” com a permissão carinhosa para os amigos mais chegados, incluindo nesse rol, o famoso “Parafuso” sextavado.

 
Nascido no dia 15 de fevereiro de 1944, no povoado “Águas Belas”, então dependente do município de Guimarães e hoje emancipado com o nome de Cedral e filho do senhor Firmino Santiago Alves e da senhora Raimunda Roclinda dos Santos Alves, o nosso “homem nageado” de hoje emitiu os primeiros sons do seu vozeirão, emprestado e dando qualidade a um serviço de autofalante. Profissionalmente, aos 16 anos, começou na Rádio Timbira em 1960 fazendo a redação de anúncios comerciais e outros, ali permanecendo (e aprendendo) por dois anos, de onde se transferiu para a Rádio Difusora, a “Poderosa”, no ano de 1962.

 
“Voz possante, quase no mesmo timbre de Rayol Filho, Nonato Costa, Diel Carvalho, Alberto Farias, Itaporan Bezerra, Lauro Leite, esse Jota Alves foi mais um que começou a fazer rádio num Serviço de Alto Falante. Mais propriamente na “Rádio Globo” das irradiadoras da época: o Serviço de Alto Falante a Voz Tupy, que funcionava no bairro do Lira. Isso, lá pelos idos de 1958, com apenas 14 anos de idade, mas com a mesma “voz de homem” de hoje.

 
A Voz Tupy foi, por assim dizer, a primeira escola de Jotinha. Ali não se falava as mensagens de antigamente, como: “Alô, alô Maria de Fátima, é para você que OX oferece essa linda página musical” E tocava em seguida “Bandeira Branca”, na voz de Dalva de Oliveira. O. X. eram as iniciais de “Ontonio Xofer”!

 
O esforço e a dedicação profissional acabaram por levar Jota Alves para a Rádio Difusora, a então “Poderosa”, em 1962. Ali, entre um comercial e outro, passou a atuar também como Repórter. Teve chances na equipe esportiva e a agarrou, passando a ser setorista e Repórter de pista nos jogos de futebol, ora no Santa Isabel, ora no Nhozinho Santos. Na “Poderosa” ficou 17 anos. Ganhou nome e projeção, fruto do seu meticuloso trabalho, mas ganhou também antipatia, o que é muito comum entre concorrentes.

 
Jota Alves transformou-se numa personalidade do Esporte maranhense. Depois trabalhou uma extinta Gurupi e mais tarde na Rádio Educadora. Passou de mala e cuia para a TV Educativa e ali se aposentou.

 
Antes da aposentadoria Jota Alves foi Editor de Esporte Amador no jornal o Estado do Maranhão, onde dividia a responsabilidade com um certo Alfredo João de Meneses Filho e, naquele tempo, já recebia colaboração de Garrincha Chico Nariz.

 
Também foi Assessor de Imprensa, nas secretarias de Estado da Educação e, depois, na Sedel, cobrindo quase todas as participações do Estado nos Jogos Escolares Maranhenses e nos Jogos Escolares Brasileiros, tendo ainda a oportunidade de integrar o Comitê de Imprensa dos Jogos Universitários Brasileiros.

 
Foi Repórter e Narrador Esportivo na Rádio Difusora e na TV Educativa. E, não satisfeito, ainda se transformou em dirigente esportivo, enveredando por ali na Associação Desportiva Mirante. Como se tudo isso não fosse suficiente para o maravilhoso cabedal de um dos mais completos radialistas do Maranhão, afirmamos que, apesar disso, ninguém é perfeito.

 
Jotinha carrega consigo um defeito imperdoável: é torcedor fanático do Flamengo.

 
Essa história acabou se transformando em livro: “Outubro de 71: memórias fantásticas da Guerra dos Mundos”, cujo lançamento aconteceu na quarta-feira na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís.O programa provocou apenas inquietação na cidade e em vários recantos do interior do Estado, agravamento do estado de saúde de pessoas nervosas e uma série de outros danos que obrigaram as autoridades a tomar providências”, criticou um jornal na época.

 
A invasão alienígena no Maranhão foi narrada dia 30 de outubro de 1971, um sábado pela manhã, dia do aniversário da Difusora AM.O roteiro foi construído pelos profissionais Sérgio Brito, Elvas Ribeiro (conhecido como Parafuso), Manoel José Pereira dos Santos (o Pereirinha), José Branco, Rayol Filho, Bernardo de Almeida, Reynaldo Faray, José Faustino dos Santos (o Jota Alves) e Fernando Melo. “

 

OBS.: Agradecemos ao companheiro Cinaldo Oliveira que, sem qualquer consulta prévia, nos “permitiu” usar a foto do seu arquivo pessoal retratando o homenageado.

Foto de José De Oliveira Ramos Oliveira Ramos.  

 

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