QUE EDUCAÇÃO FÍSICA TEMOS? QUE EDUCAÇÃO FÍSICA QUEREMOS?

Semana passada passei em Barreirinhas, conversando com os professores sobre educação física. A curricular, a de sala de aula das escolas. Não falamos sobre esporte… a primeira pergunta que fiz: que educação física temos? E pedi que cada um colocasse em um pequeno pedalço de papel como é a educação física na sua escola.

A seguir, pedi que escrevesse, em um papel do mesmo tamanho, qual a que queremos… não souberam dizer!!! Passei, então a entupi-los de texticulos para leitura. SIM! professores de educação física lendo!! aconteceu… e após dois dias de trabalhos, leituras e discussões, volta a pergunta: que educação física temos? e qual a que queremos? Vamos escrever, então a Proposta Pedagógica da Disciplina Educação Física para a Escola “x”…

Hoje leio o documento que a Camara dos Deputados distribui, com o tema “Educação física e esporte escolar – da formação à competição. Destaco do discurso do Tojal:

“Dentro dessas possibilidades, existem capacidades, que a escola vai ajudar a desenvolver.

Objetivo da Educação Física Escolar: desenvolver capacidades pessoais; proporcionar a participação, a cidadania, a sociabilidade e a inclusão.

Os senhores podem pensar que sou contra o esporte. Muito pelo contrário. O esporte na escola deve ser meio; não pode jamais ser fim. Só joga quem sabe. Na escola ele é conteúdo da minha disciplina.

Sou altamente competitivo. Nesse Colégio Culto à Ciência as minhas equipes de basquete eram ótimas. Alunos meus foram para a Seleção Brasileira e nadadores, para as Olimpíadas, mas eram obrigados a participar das aulas de educação física com a turma. Quer treinar? É outro horário.

Naquela época, em São Paulo, tínhamos as equipes de treinamento que funcionavam fora da atividade escolar, mas o aluno era obrigado a participar, porque a liderança, a participação e a sociabilidade nascem ali. E aqueles que participam juntos aprendem também um pouco.

A inclusão é a parte principal na Educação Física Escolar. É proibido excluir. Os alunos têm direito a todas as atividades. Deve possibilitar conhecimento. Se eu faço tudo isso, estou possibilitando conhecimento. E desenvolver cultura e cidadania utilizando exercícios físicos, esportes e saúde.

O profissional de educação física que não souber falar de saúde não pode dar aulas em escolas. Isso é básico. Porque a educação física, o exercício físico, deve trazer a cultura como um exercício matemático. Tenho que trabalhar na base de um raciocínio, de um conhecimento que me integre à vida.

Necessidades para tal desempenho: profissional capacitado, qualificado, especializado, consciente e responsável ético. Por que fiz constar “especializado”? Porque se o profissional não for especializado para trabalhar em escola, com crianças em formação, ele vai ministrar aulas de esporte promovendo apenas a competição.

É importante que ele tenha uma formação pedagógica e faça seu trabalho para entender a criança e as suas necessidades, bem como aumentar as suas possibilidades. Ele deve, portanto, exercer a função de professor especializado.

Deve ter conhecimento de ambas as partes, assim como deve ter um procedimento racional e capacidade teórica, prática e pedagógica. Se o profissional não desenvolver essas condições, não pode ir para a escola.

Aliás, eu diria que não pode prestar serviço algum, porque o ser humano depende, realmente, dessa interrelação. E o processo didático-pedagógico está em nossa ação em todos os momentos. Se eu for a uma academia de ginástica para apenas fazer determinados exercícios, eu não preciso de ninguém lá, apenas dos equipamentos. Mas eu preciso de alguém que me instrua, que me forme, que me dê cultura, para que eu possa tomar providências, de acordo com a minha necessidade.”

sex, 18/02/11 por leopoldovaz | categoria A VISTA DO MEU PONTO, Educação, Educação Física
  1. 1 TARCISIO FERREIRA:

    A EDUCAÇÃO FISICA QUE “EU” QUERO

    Prof. Tarcisio Ferreira

    Li o artigo e acho muito pertinente o comentário do prof. Tojal.

    O que se vê nos centros de formação em geral, ou seja, em todo o Brasil, é a formação pela metade.

    Mas porque isso acontece??? Ora, porque os formadores também os formam pela metade.

    Como??? Bom, dentro de cada curso existem professores especializados em áreas de conhecimentos específicos e transmitem esses conhecimentos e experiências em suas respectivas áreas de atuação. Até aí nada de anormal.

    O problema está em que normalmente esses mesmos formadores são “cegos” em relação a outras áreas do mesmo campo de conhecimento, ou seja, da Educação Física. Para justificar essa ‘cegueira’ ele(a) diz que “essa não é a minha área”. Acontece também dos alunos começarem a ter suas predileções e interesse por professores e determinadas áreas em sua “caminhada” pelo curso; também até o presente instante nada de anormal.

    O que se precisa discutir e analisar é a ‘miopia’ acadêmica do professorado. Aqui já começamos a falar da “ignorância” da qual já foram vitimas, também, na graduação. Assim, por exemplo, os professores da área de fisiologia normalmente ficam “cegos” para a totalidade do conhecimento sobre a “cultura corporal” a ‘menina dos olhos’ da ‘esquerdinha’ da educação física. Deboche a propósito.

    Isso também produz uma disputa de “território” dentro do curso; cada um busca brasa para sua sardinha.

    Mas vamos a grano, o que acontece é que temos dentro dos cursos professores especialistas nas disciplinas biomédicas que são completamente “cegos” para os conhecimentos da área sócio-pedagógica. E vice-versa.

    E o mais grave é que os professores da área sócio-pedagógica são completamente apedeutas em anatomofisiologia. Toda aula de educação física tem como principio o movimento, ou vai aparecer um corajoso aqui neste espaço para dizer que não; então o conhecimento caráter fisiológico é essencial. Antes que os sócio-pedagogicos fiquem ‘nervosinhos’ com a minha diatribe, quero dizer que com isso não estou descartando todo o ‘colorido’ sócio-cultural do movimento de modo algum, ele é partícipe do processo educativo.

    No afirmativo; deve SEMPRE haver em uma aula a “união” desses dois conhecimentos. Víxe, estou “caindo” na dicotomia… Portanto, um professor de educação física que só sabe fisiologia ou que só sabe pedagogia é um professor pela metade. Só trabalha com 50% do conhecimento para ministrar aulas de educação física, seja em que campo de conhecimento esteja aplicando.
    Nos últimos 20 anos venho advertindo os alunos sobre o perigo da especialização. Quanto mais você se especializa, sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Mais uma vez advirto: não sou contra a especialização, sou contra a “cegueira” dos profissionais de educação física, seja acadêmica ou não.

    Somente quando tiver professores formados e pensando em 100% poderemos te uma educação física que almejamos querer. No meu humilde entendimento, essa é a Educação Física que ‘eu’ quero…

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