Resumo

05/03/2020
A corrida é uma habilidade motora complexa, com movimentos não lineares e variáveis. Logo, novos métodos que contemplem tais características têm sido propostos para a sua análise, tal como: expoentes de Lyapunov, medidas de correlação de longo alcance, medidas de entropia com conceitos associado a estabilidade, complexidade e similaridade utilizados para estudo da variabilidade do movimento. Todavia, ainda não é completamente entendido qual destes métodos pode melhor analisar o desempenho em corridas de fundo. Dentro deste escopo, a presente tese foi dividida em 4 capítulos, com os seguintes objetivos: (a: revisão sistemática) identificar e descrever as medidas não lineares mais comumente utilizadas para o estudo da variabilidade de movimento na corrida de fundo demostrando suas aplicações para entendimento do desempenho; (b: experimento I) testar a validade e a confiabilidade das medidas de acelerometria do centro de massa obtida por meio de smartphone em diferentes velocidades de corrida em relação a um acelerômetro já validado, à um único marcador cinemático posicionado sobre smartphone e a um modelo cinemático que considera vários marcadores no corpo para reconstrução do centro de massa; (c: experimento II) relacionar o tempo de prova em 10km com diferentes métodos não lineares aplicados às séries temporais de medidas angulares e às medidas de acelerometria do centro massa; e, (d: experimento III) identificar as estratégias de prova e comparar os parâmetros de desempenho em corredores de 10km com diferentes tempos de prova. O estudo de revisão (a) utilizou as bases de dados PUBMED, SportDiscus, SCOPUS e Web of Science, em que foram incluídos 12 estudos. Foram identificados o uso de medidas não lineares, tais como correlação de longo alcance, entropia e expoentes de Lyapunov. No primeiro experimento (b), participaram 16 voluntários que realizaram corrida em 4 velocidades (10, 12, 14 e 16 km/h). As medidas de aceleração foram realizadas no centro massa, no marcador sacral, no acelerômetro e no smartphone. Foi verificada validade das medidas de RMS e pico de aceleração smartphone em relação ao acelerômetro, ao marcador sacral e ao centro de massa e à validade para medidas de complexidade entre acelerômetros. No segundo experimento (c), 28 voluntários (tempo de 37,10±3.63 minutos em prova de 10km) correram em cinco velocidades fixas (12, 14, 16, 18 e 20 km/h). Modelos de regressão linear múltipla foram obtidos para cada velocidade e a partir das medidas não lineares das séries temporais de variáveis angulares e de acelerometria de tronco. Também foi verificada relação entre diferentes medidas não lineares e o tempo de prova na corrida de 10km. No terceiro experimento (d), corredores competitivos (n=10,) e recreacionais (n=10) realizaram a corrida de 10km em pista de atletismo. Os corredores competitivos e recreacionais adotaram estratégias de prova particulares (forma de “J” e “U”, respectivamente). Observou-se diferença entre grupos para variabilidade de aceleração do tronco, economia de aceleração, e correlação de longo alcance. Em conjunto, os resultados da presente tese indicam que as medidas não lineares podem ser utilizadas para identificar fases da prova a serem treinadas para melhora do desempenho. O uso da acelerometria de tronco, por meio de acelerômetros e smartphone, pode ser uma ferramenta em potencial para o monitoramento do treinamento por meio de medidas não lineares para atletas e treinadores.


 

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