Resumo

Os estudantes ouviram-me, inúmeras vezes, afirmar nas aulas que era inaceitável a não observância da norma culta da linguagem por toda a academia. Qualquer que seja o curso frequentado, todos os discentes estão vinculados à obrigação de ser expoentes do cultivo elevado do idioma. Cada área de estudo possui um léxico especializado; mas, no tocante à competência linguística geral, não há razão para diferenças e graduações de nível, a priori aceites e a posteriori toleradas. Uma monografia ou dissertação, escrita por um estudante de medicina, de engenharia, de desporto etc., pode ser distinta pelo assunto versado, porém não pela regra idiomática aplicada.

Porquê esta exigência? A proficiência da palavra abre portas para a capacidade comunicativa, o pensamento, a lógica, a oratória e a retórica, peças basilares do exercício bem conseguido de uma profissão intelectual; sobretudo é um pressuposto da liberdade. Ora, de um quadro com selo universitário não se espera outra ‘coisa’.

Fiz igualmente a apologia do respeito abrangente do ‘princípio da língua’ nos órgãos da Universidade. Com pena, devo dizer que era olhado de soslaio; talvez porque não poucos docentes prezam mais o ‘globish’ do que o português, evidenciam  uma gritante pobreza lexical e atropelam grosseiramente o normativo gramatical. Enfim, o espaço universitário não prima pelo cumprimento do preceito constitucional de defesa e promoção da nossa língua, trave-mestra da identidade nacional e da subjetividade individual.

11.09.2025
Jorge Bento

Integra

Os estudantes ouviram-me, inúmeras vezes, afirmar nas aulas que era inaceitável a não observância da norma culta da linguagem por toda a academia. Qualquer que seja o curso frequentado, todos os discentes estão vinculados à obrigação de ser expoentes do cultivo elevado do idioma. Cada área de estudo possui um léxico especializado; mas, no tocante à competência linguística geral, não há razão para diferenças e graduações de nível, a priori aceites e a posteriori toleradas. Uma monografia ou dissertação, escrita por um estudante de medicina, de engenharia, de desporto etc., pode ser distinta pelo assunto versado, porém não pela regra idiomática aplicada.

Porquê esta exigência? A proficiência da palavra abre portas para a capacidade comunicativa, o pensamento, a lógica, a oratória e a retórica, peças basilares do exercício bem conseguido de uma profissão intelectual; sobretudo é um pressuposto da liberdade. Ora, de um quadro com selo universitário não se espera outra ‘coisa’.

Fiz igualmente a apologia do respeito abrangente do ‘princípio da língua’ nos órgãos da Universidade. Com pena, devo dizer que era olhado de soslaio; talvez porque não poucos docentes prezam mais o ‘globish’ do que o português, evidenciam  uma gritante pobreza lexical e atropelam grosseiramente o normativo gramatical. Enfim, o espaço universitário não prima pelo cumprimento do preceito constitucional de defesa e promoção da nossa língua, trave-mestra da identidade nacional e da subjetividade individual.

11.09.2025
Jorge Bento