JAQUEIRA, A. R. F. (2010) Fundamentos Histórico-Sociais do Processo de Desportivização e de Regulamentação Desportiva da Capoeira. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. Universidade de Coimbra. Tese de doutoramento. RESUMO Este estudo tratou de identificar e interpretar o processo civilizatório da Capoeira no que toca à sua desportivização. Foi adotado como procedimento metodológico o levantamento de fontes primárias e secundárias sobre a história do Brasil em geral e da Capoeira em particular, bem como a revisão bibliográfica sobre essa temática e sobre as teorias referentes a processos civilizacionais de distintas nações e convenções humanas que propiciaram o surgimento de novas tecnologias, inclusive corporais. Procedeu-se à categorização e interpretação dos elementos coletados sobre o processo de desportivização da luta brasileira, o que caracteriza este estudo como etnográfico, de natureza qualitativa. Consideraram-se os contextos social, cultural, político e legal do Brasil nos séculos XIX e XX para o desenvolvimento da idéia desportiva para a Capoeira. Desse aporte verificou-se que do momento da institucionalização da Capoeira desportiva em 1941 foram necessários mais de trinta anos para a produção do seu primeiro regulamento pretensamente técnico/desportivo (1972) e mais vinte anos para a sua autonomização (1992). As principais marcas de todo esse percurso foram o distanciamento do ponto fulcral da discussão – a luta –, o baixo grau de maturidade organizativa do grupo de pessoas que representa a modalidade e as permanentes disputas por aquisição ou manutenção de poderes por parte dos seus praticantes. Conclui-se que a Capoeira autonomizou-se e passou a reeditar os erros e problemas existentes em relação à sua organização antes desse evento, fazendo permanecer uma pseudomodalidade de luta entendida por Capoeira-desporto. Palavras-chave: capoeira – desporto – Brasil – civilizatório – desportivização – regulamento – história – tecnologia.

Comentários

Por Sergio Luiz de Souza Vieira
em 26 de Março de 2010 às 19:53.

... Bom... Vamos lá...

1- É de se estranhar que a universidade de Coimbra tenha permitido que o esposo tenha sido orientador da pesquisadora. Isto transforma a exigível neutralidade cientifica em uma relação de interesse marital e provoca suspeitas em relação ao nível de qualidade do trabalho.

2- A FICA forneceu material para a pesquisadora, mas a triagem das fontes foi feita também pelo marido. Seria então uma tese com dupla autoria?

3- O casal apenas triou os documentos da extinta Confederação Brasileira de Pugilismo. Não fizeram a triagem nos documentos da CBC nem da FICA (quase duas toneladas de documentos). Também não houve entrevista dos gestores.

4- A tese teve como fundamentação o "processo civilizacional", e não trouxe nenhum elemento novo. Seria a mesma coisa que experienciar a teoria da gravidade em diversas partes do mundo, ou seja, apenas uma constatação de algo já apresentado por outros, entre eles Norbet Elias.

5-Levaram em consideração somente o Decreto 3199 que foi publicado para unificar a legislação desportiva nacional. Ou seja, a institucionalização que já existia anos atrás não foi levada em consideração na pesquisa.

6- Antes de 1941 a Capoeira já estava institucionalizada como um desporto. Faltou uma pesquisa mais ampla nas fontes primárias.  

7- Naquilo que se refere ao que ocorreu após 1992, a CBC jamais quis que a Capoeira se mantivesse como uma "luta". Isto foi definido em várias assembléias e congressos técnicos. A luta foi abominada no âmbito desportivo. Houve uma clareza consensual em se resgatar o "jogo da Capoeira" em sintonia com o "fair play". Deste modo jamais poderia ser uma "pseudomodalidade de luta". Faltou, então, um trabalho conceitual na construção dos elementos, no sentido de se definir: luta, arte marcial, pseudoluta e jogo, afinal, peixe é peixe, boi é boi e peixe boi é peixe boi. São coisas distintas. Deste modo faltaram também pesquisas em fontes primárias.

Lamentável... Eu esperava muito mais...

Sergio Vieira - Pós-Ph.D.


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